Por Daniel Accioly
O quarto dia de festival Rock In Rio foi intenso e repleto de pontos altos e baixos. O dia, dedicado a bandas com som mais pesado, atraiu público sedento por um som mais pesado, o que não foi a tônica dos três primeiros dias.
O palco Sunset recebeu grande público em seus shows. Como destaque positivo, o Dr. Sin, representante do metal brasileiro. Com excelentes músicos repertório equilibrado, a banda conseguiu agradar o público, com destaque para a faixa “Fire”, clássico da banda. Já Sebastian Bach não teve a mesma recepção entusiasmada, uma vez que sua voz já não apresenta a segurança e o vigor de outros tempos. O show do Rob Zombie foi outro com altos e baixos, mas acompanhado com atenção pela plateia que prestigiava entre os shows do palco Mundo do Sepultura e do Ghost.
No palco mundo, o Sepultura conduziu os trabalhos repetindo a dobradinha de 2011 com o Tambours du Bronx. Uma apresentação cativante de uma banda que possui status inabalável com os metaleiros do Brasil.
Chegou então a vez da incógnita da noite. Fazendo barulho mundo afora, o Ghost (ou Ghost D.C., como é conhecido nos EUA) subiu ao palco com a sua “missa satânica”. O visual impressiona, o conceito agrada, mas o grupo não conseguiu cativar o público com a sua parte musical. Apesar de riffs interessantes e teclados que remetem à órgãos de igreja, a apresentação da banda foi a hora escolhida para aquela ida ao banheiro ou lanchonete. Frieza do início ao fim. Quando James Hetfield, vocalista do Metallica, perguntou mais tarde se o público havia curtido o Ghost, recebeu um solene “não!”.
Em seguida, o Alice In Chains abriu os trabalhos no palco Mundo. A recepção foi calorosa, e a escolha de “Them Bones” para abrir o show, muito acertada, pois já colocou a galera pra pular. Jerry Cantrell desfilou categoria ao tocar guitarra e cantar a maior parte das músicas, e William DuVall mostrou competência e simpatia, em um esforço eterno para dobrar os fãs xiitas que resistem a banda após o falecimento de Layne Stanley. O show foi repleto de hits, e mesmo nas canções mais lentas, o público interagiu e mostrou afeto pela banda. Já é, certamente, um dos golaços de Medina para essa edição.
Mas o esperado show da noite ainda estava por vir. Com meia hora de atraso, o Metallica iniciou os trabalhos. James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo entram no palco e tocam “Hit the lights”, resgatando as raízes da banda, que surgiu rasgando o gênero thrash metal, que com o passar dos anos, foi ganhando tons mais palatáveis. Em um repertório com muitos clássicos e nenhuma grande surpresa, a banda levou a loucura mais de 85 mil pessoas que, mesmo cansadas, ficaram até o fim do show. Um show nitidamente mais inspirado que o de 2011, mas que igualmente fez o público ir feliz pra casa.